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Lutador supera bullying na infância e se destaca no Muay Thai

Guilherme Faria, lutador profissional desde os 18 anos, sofria bullying na infância. Hoje, aos 31 anos, ele é duas vezes campeão mundial


Fotos: Redd F/Unsplash + Divulgação

Com um cartel no MMA de 18 vitórias e 10 derrotas, Guilherme Faria, lutador profissional desde os 18 anos, sofria bullying na infância. Hoje, aos 31 anos, ele é duas vezes campeão mundial de Muay Thai.

O atleta detém títulos de suma importância: o Mundial de Muay Thai (WMO), conquistado em 2014, e o Mundial da AITMA/IMTF, federação mais antiga mais antiga a nível internacional de Muay Thai.

Infância

Natural de São Paulo, Guilherme passou toda a vida no interior do estado quando, aos nove anos de idade, seus pais optaram por se mudar para a cidade de Limeira.

Em sua nova escola, o menino que usava óculos “fundo de garrafa” devido à miopia, passava os dias sendo vítima de bullying, pelo perfil mais magro e tímido.

“Ia direto para a sala da diretora por terem pego meus materiais ou minha bolsa. Mas nada nunca se resolvia, parecia que nunca seria diferente. Um dia, um dos meninos que sempre me zoava, deu um tapa na minha cabeça bem na frente de uma garota que gostava na época”, lembra.

A vergonha que senti na hora fez o sangue subir à cabeça e acabei empurrando o garoto. Mais tarde, na saída da aula, apanhei feio na frente de todo mundo. Fui humilhado na frente de toda a escola”, conta o lutador.

Naquele dia, após chegar em casa e esconder a briga de seus pais, Guilherme tomou uma decisão que alterou todo o rumo de sua vida.

“Meu objetivo era treinar para poder me vingar e nunca mais passar por esse tipo de situação. Comecei a fazer karatê focado nisso. Felizmente, meu professor na época acabou descobrindo o porquê de eu treinar e me fez prometer abandonar aquele objetivo, para apenas usar o karatê para me defender, caso fosse necessário”, comenta.

O bullying parou devido as lutas, mas, mesmo assim, Guilherme seguiu com as aulas e havia pegado gosto pela rotina. O karatê mudou completamente sua postura.

“O treinamento me salvou. Em alguns meses, me sentia muito melhor e mais feliz comigo mesmo. O que havia começado por uma vontade de vingança acabou ficando por paixão. Quando fiz 11 anos mudei de escola. Tive que parar o karatê porque a academia estava fechando”, diz Guilherme.

“Um amigo me recomendou treinar Muay Thai com um professor que conhecíamos. As aulas aconteciam no quintal da casa desse professor. Não tinha muitos equipamentos, chegávamos a dividir luvas para podermos treinar”, conta o lutador.

Início no MMA

“Tinha 17 anos quando fui para a minha primeira luta. Nem tinha a idade mínima ainda. Esse professor se passava pelo meu pai para poder me deixar lutar”, explica o atleta.

No começo de sua carreira, Gui Faria nem conhecia técnicas de luta no chão, artificio crucial no MMA. Sua primeira luta evidenciou isso. Apesar de não se lembrar do adversário, Guilherme se recorda de ter perdido muito rápido, quando a luta foi para o chão.

Depois de três derrotas por finalização, o atleta foi convidado por um treinador da equipe Muay Thai Nikolai para treinar em sua academia, em Bragança Paulista, interior de São Paulo.

“Foi como descobrir um novo mundo ali. Equipamentos a vontade, sacos de pancada. O lugar tinha de tudo. Pouco tempo depois acabei sendo chamado para um treino intensivo que aconteceria na matriz da equipe, em Campinas. A viagem era até mais curta para lá”, recorda.

Em Bragança eu aprendia com os alunos do Mestre Nikolai. Em Campinas, comecei a treinar junto com o próprio mestre. Fizemos um planejamento juntos. Por um ano e meio eu apenas treinaria, sem nenhuma luta, para poder aperfeiçoar as minhas técnicas”, conta o atleta.

O resultado do período de treinamentos foi um completo domínio no retorno aos octógonos, quando tinha 20 anos. Com isso, Guilherme foi conseguindo cada vez mais destaque no cenário nacional.

Foi justamente nesse período, em 2014, que o lutador fez sua primeira viagem internacional ao ir disputar o Campeonato Mundial, na Tailândia. A viagem contou com a ajuda de seus amigos e parentes.

“Foi uma experiência incrível para mim. Tinha passado minha vida inteira no interior de São Paulo. Não falava nada de inglês na época. Foi algo muito mágico poder chegar até lá e conquistar aquele título. Foi a forma que encontrei de mostrar meu agradecimento a todos que tinham me ajudado naquela missão. Esse foi o sentimento, tanto em 2014 quanto em 2017, ano que também disputei e ganhei o Mundial na Tailândia”, completa Guilherme.

Por: Mateus Arantes
Fonte: Metrópoles

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